O educador mostra em sua entrevista sua perpectiva da arte e o que ele quer transmitir em suas aulas.
F: Desde
quando você começou a lecionar ?
D: Eu danço desde meus 9 anos de idade (comecei com Balé
Classico), aos 13 anos eu comecei a fazer teatro, desde então sempre conciliei
as duas linguagens sempre juntas. Arrumei meu primeiro emprego de Office Boy
aos 16 anos, precisei me desdobrar para conciliar o trabalho, a dança, o teatro
e ainda o ensino médio, quando fiz 18 anos entrei para a Universidade e desde o
primeiro ano já comecei a lecionar, deixando o trabalho de Office boy e me
dedicando para ser ator, bailarino e Arte Educador.
F: O
que você busca transmitir em suas aulas ?
D: Particularmente eu não acredito na transmissão de
conhecimento, acredito na troca de saberes; tento propor um ambiente fértil de
experimentação, estudo e criação. Um lugar onde se pode realizar coisas
incríveis (ou não), mas que é livre para se expressar, respeitando o tempo e o
corpo dos indivíduos, quando nos lançamos para experimentar eu também aprendo
muito, e aos poucos construímos caminhos artísticos a partir do coletivo, com
base na correlação corpo/ambiente.
F: Quais
foram as suas melhores experiencias ao lecionar ?
D: Foram muitas não saberei escolher.
F: O que você falaria as pessoas que ainda desconhecem a arte da
dança-teatro?
D: Especificamente em dança-teatro, posso dizer que não é uma
nomenclatura fechada. Richard Silkes diz “O Termo Tanztheater é um processo,
não uma resultante, muda o tempo todo”, podemos arriscar que o “primeiro” (a
partir da história da dança ocidental), a esbarrar nesse termo seja Rudolf Von
Laban (1879 - 1958), Dançarino, coreógrafo, um dos mais importantes teórico da
dança do século XX, é considerado o "pai da dança-teatro", o termo
correto que ele utilizava era dança dramática, dois de seus alunos Mary Wigman
e Kurt Jooss, ambos bailarinos e coreógrafos seguiram pesquisando uma dança
dramática cada qual a seu modo, Mary Wigman (1886 – 1973), continuou seus
estudos e foi uma das fundadoras do movimentos de dança expressionista,
influenciando o surgimento do Butoh (dança que surgiu no Japão pós-guerra),
Kurt Jooss (1901 – 1979), montou uma escola em Essen (Alemanha), e no ano de 1928 Jooss, realizou em Essen
um congresso que reuniu os principais representantes da dança moderna, para
discutir os termos (Dança para o teatro/ Teatro de dança), entre os
participantes estavam presentes seu professor Laban e Wigman, a partir desse
momento o termo começou a ser usado pelos artistas com mais força e se espalhou,
mas ainda estava por vir a maior representante desse termo, que elevou a
estética de dança-teatro para lugares até então desconhecidos, influenciando
tanto a dança contemporânea quanto o teatro pós-dramático, o nome dela é Pina
Bausch (1940 – 2009), foi aluna de Jooss em Essen, se tornando a coreografa
oficial no lugar de seu professor que se aposentava na direção da Tanztheater
Wuppertal; Pina Bausch revolucionou a dança, seu entendimento de dança era
muito amplo descaracterizando e rediscutindo os próprios paradigmas da dança,
vale salientar que ela não fazia dança + teatro, a estética que ela propunha
era genuinamente
a forma que ela enxergava a dança, tudo era dança para ela, também afirmava “Eu
não investigo como as pessoas se movem , mas o que as move'', hoje Tanztheater
(dança-teatro), também é uma nomenclatura (a partir das lógicas da língua
Alemã), para designar “grupo ou companhia de artes cênicas”, elas seguindo as
estéticas de dança-teatro ou não.
F: Qual sua frase motivacional para que outros possam se
interessar nesta arte.?
D: “Tanzt, tanzt... Sonst sind wir
verloren” Pina Bausch
tradução: (Dance, dance... Caso contrário estamos perdidos).